quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Você tem medo da chuva?

Não sou nem fui inspirado em certo personagem das historinhas em quadrinhos, mas certamente dei boas risadas quando lia compulsivamente os gibis dessa turminha.

E admito: se está chovendo e tenho que caminhar certa distância até o carro ou um abrigo, chego a me irritar com os pingos d’água que fatalmente me atingem. Cômico não? Cada um que aparece.. hehe.

Na verdade, vou além. Podemos associar que chuva e, portanto, água (obviamente) nos remete a diversas conclusões. Uma que todos hão de concordar é que água é vida, portanto, se chove, temos pingos de vida a nos irrigar, renovar.

Em algumas situações impedimos que a “água” atinja nossos relacionamentos, fugimos da “chuva” e afastamos a possibilidade de sermos diferentes com os irmãos, no trabalho, na família, até com a gente mesmo.

Basta fechar os olhos e sentir cada gota, é rápido e se não for um chuvão, será suave, tocando nossa face, tocando nosso coração, maneira de ser e agir. Enfrente as situações que nos maltratam, limpe a sujeira do preconceito, indiferença e desarmonia.

Mais. Olhe pra Jesus. Enquanto homem, soube se lavar das impurezas que o cercavam, soube se proteger do falso moralismo, situações de pecado, dúvidas. Apenas amou, apenas brincou como criança enquanto a chuva caia.

Ei, psiu... quem você convidará hoje ainda pra tomar um banho de chuva contigo?

Lave-me Senhor!!
Amém.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Esvazie-se de si mesmo.

Parece estranho esse título. Será que a grafia está correta? Será que já não ouvimos tal frase em outro contexto?

O Cristo nos trouxe um convite parecido “Renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8, 34). E o verbo esvaziar todos conhecemos, basta procurar um dicionário e até outras conotações encontraremos.

Ok. O significado virá nos próximos parágrafos. Chocante, duro, forte.

Há um grande número de pessoas que não sabem ouvir; dispersas, às vezes falam mais do que aquele que fala, às vezes falam mais no seu interior, o certo é que não escutam, não percebem o apelo de quem fala, a sintonia não se concretiza.

Por quais razões? De repente, estão atentas somente ao que lhes interessa; em outras situações, atentas estão pra não perderem o comentário daquilo que lhes aprouver. Nada ou quase nada acrescentam ao diálogo.

Abro aspas. O diálogo a que me refiro é outro, não é um falando aqui e outro falando acolá. Diálogo remete a troca de ideias, sentimentos e experiências, eis o verdadeiro diálogo.

Fala que eu te escuto! Nada disso, silencie que EU falo. Mas sobre tal afirmação cabe discorrer em outro tópico.

Vida atribulada, o TER é mais que o SER, o que o outro sente, pensa e sonha não é problema meu, as relações são superficiais, sentimentos maquiados, eu represento aqui e você aí. E a vida continua.

Mas Jesus nos ensinou o que é ouvir (e dialogar). Ouve-se quando silenciamos por dentro e, portanto, quando nos esvaziamos de nós mesmos, deixando que o outro seja o protagonista, reconhecendo a importância do irmão que fala, que chora, que suplica.

É ouvir palavras não ditas, ouvir com o coração. Mas aquele que fala também tem sua parcela de responsabilidade, ou seja, se quer ser ouvido, deverá necessariamente abrir seu coração, falar sem medos e preconceitos.

Jesus se fez ouvir quando abriu seu coração, quando na agonia do horto das oliveiras chamou uns poucos amigos e a eles confidenciou sua angústia, sua dor, seu medo (Mc 14, 32-42).

Não receou ser taxado de fraco, ser incompreendido ou repreendido até, simplesmente falou. É certo que não houve diálogo, os discípulos dormiam, mas Ele deixou seu coração falar.

Na família, será que somos bons ouvintes? No casamento, ouvimos o que nosso cônjuge diz? Filhos e pais, pais e filhos, sabemos o que é ouvir?

Fica a reflexão.

Salve Maria.
Amém.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Disciplina do olhar.

Meu coração silencia, pois quero me ouvir. Ou melhor, fala comigo Senhor... “faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).

O que escrever sobre tal título? Buscando o real sentido de disciplina e/ou avaliação subjetiva do que significa “olhar”?

Fato é que, à luz dos ensinamentos de Jesus, o nosso proceder deve estar atento à disciplina do olhar – explico! Não nos é permitido descuidar de nossos sentidos, ao contrário, devemos estar atentos, à espera das santas inspirações.

Parece bonito escrever/ler tais palavras, entretanto, Jesus nos adverte “vigia, pois não sabeis nem o dia nem a hora” (Mt 25, 13).

Somos bombardeados a todo minuto, impulsos, tentações, más inclinações que nos assolam, nosso olhar, nosso sentir, muitas vezes tudo parece conspirar contra nós.

E mais, Deus nos deu o livre arbítrio, uma faca de dois gumes como diz certo ditado... Ele nos quer livres para uma efetiva entrega, não seremos forçados a nada, livres para amá-Lo intensamente.

Silenciando nosso coração ouviremos o sussurrar das santas inspirações, contemplando as coisas simples da vida, acalmando nossa impulsividade, freando o excesso de informações, administrando as emoções, exercício diário a ser praticado.

Jesus nos ensinou o caminho, indicou a fonte, sinalizou que Ele é a fonte de mansidão e nos convidou a beber pra saciar nossa sede de DEUS (Mt 11, 28-30).

És água viva, és vida nova!
Amém.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Com um beijo, entregas teu Mestre?

Traidor, insensível, orgulhoso, cheio de si...

Somos insuportáveis, temos atitudes baixas, por vezes somos hipócritas ao extremo. E não adianta fingir/pensar que "não é comigo, não sou assim, não costumo ser assim".

Inúmeras vezes traímos a nós mesmos, nos desfazendo da grande dádiva com que DEUS nos cumula diariamente: a vida.

Pois bem. O calvário não foi fácil, a tensão imperava e o coração de Jesus pulsava intensamente: suou sangue, sentiu medo, dores físicas e psíquicas e não se encerrou nisso, pois um desfecho mais trágico se aproximava.

O Cristo ensinou a seus discípulos grandes lições, entre elas, a humildade, o perdão, a paciência, a compreensão, o amor etc., grandes lições, um grande Mestre. Não foi suficiente. Como assim?

Judas Iscariotes era um homem culto, de boas qualidades, convicto de suas ideias, mas lhe faltou algo essencial, se reconhecer limitado.

No evangelho de Lucas, capítulo 22, versículos 47 e 48, temos retratada a fragilidade de Judas; ele se aproxima e com um beijo entrega seu Senhor e Mestre. Qual a resposta de Jesus?

Ele compreendeu, acolheu e amou. Não foi simples, foi duro, pois Jesus nunca desistia das pessoas, sempre estava disposto a perdoá-las, amava incondicionalmente, Ele se encantava pelas pessoas e sua história de vida.

O tal beijo foi uma traição digna de cinema, tantos momentos partilhados, tantos ensinamentos e o discípulo o traiu com um beijo, gesto singelo e que representa carinho, amizade sincera, reciprocidade de sentimentos.

Jesus não ficou remoendo, não se martirizou ou se inferiorizou diante desse acontecimento, não se vitimizou e, portanto, não se anulou, pelo contrário, assumiu a responsabilidade de ser autor da sua própria história.

Enfim, busquemos nos colocar na posição de traidor e traído.

Criticamos (de forma positiva, acolhendo) e compreendemos (decidindo amar, acreditar) ou julgamos (condenando sem nos importarmos) e nos anulamos (oh, somos coitadinhos)?

Diante das decepções, na primeira oportunidade, expomos publicamente os erros de nossos irmãos e gritamos ao mundo que fomos vítimas injustiçadas ou usamos a arte do perdão e do amor?

Amém.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cura-me, Senhor!


E assim se iniciou a semana...

- Poxa, eu não merecia ser tratado dessa forma, grosseria logo pela manhã não é justo!
- Não é verdade, sou bem decidido quanto a isso, conduzo muito melhor que ele, essa noite vai ser longa!!!

Situações hipotéticas traduzindo sentimentos. Todo relacionamento é marcado por pensamentos que se traduzem em emoção, é a vida em sociedade, seja na família, seja no trabalho ou em qualquer círculo social do qual participamos.

Mas o detalhe quase despercebido: se diante de uma ofensa, crítica, perda ou dissabor agimos dessa maneira fatídica, é certo que nossa emoção está doente!

Como assim? Doente emocionalmente? Exato. Somos conduzidos ao sabor das intempéries e não agimos da maneira correta.

E qual seria então?

O Mestre dos mestres vivenciou todas essas situações e sentimentos, Ele soube navegar nas águas da sua emoção como ninguém. É simples: Ele amava incondicionalmente cada pessoa, acreditava nelas, sabia que somos razão e emoção.

Ele nunca esperava muito das pessoas. Repito, não depositava e alimentava falsas expectativas, simplesmente amava. Sabia de nossas limitações e ponto.

Eu não disse que Jesus não experimentou esses sentimentos, que não viveu tais emoções. Na verdade, Ele reconhecia sua limitação humana, mas não desistia de Si mesmo, antes, se recolhia e buscava o real sentido da sua vida. Sempre!

No horto das oliveiras Ele foi tomado de uma aflição no mais alto grau: suou sangue (pesquise sobre o fenômeno clínico hematidrose). Diante do risco iminente de perder sua vida, Ele confidenciou aos discípulos sua angústia e seu medo, queria rezar junto com eles, não deu certo. Confidenciou ao Pai sobre seu temor (Lc 22, 39-45).

E então, Deus retirou Dele tal perigo? Nada disso, o próprio Cristo tomou firmemente o leme e reconduziu o barco da sua existência. Lançou-Se nas mãos do Criador e novamente recuperou sua direção.

Pronto pra retomar as rédeas da sua vida, amadurecer espiritualmente?

Reze por mim, rezarei por você.

Cura-nos, Senhor!
Amém.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Coração inquieto.

Dia amanheceu atribulado, pensamento extremamente acelerado, coração inquieto.

Cumpridas 01 ou 02 atividades do dia (a propósito, qual seria a primeiríssima? Rezar, agradecer, por óbvio), eis que a agitação continuava, a angústia se fazia presente, sentia um palpitante coração...

Resolvido. Busquei um pequeno livro que venho lendo, um ótimo escritor, temas interessantíssimos e comecei a ler; em vão, pois fechei, abri e novamente fechei. E então decidi.

Peguei uma pequena cruz com Jesus crucificado e a coloquei diante de mim. Livro e logo à frente a cruz de Cristo. Silencia coração, eu gritava interiormente, vamos, contemple a salvação que pendeu da cruz, mire seus olhos no Cristo entregue.

Sim, Ele vive e reina, mas o seu sacrifício diário da cruz (leia-se, Santa Missa) continua.

Dá-me tua paz Senhor, aquieta meu coração, resgata meu entendimento e o direciona para o louvor, contemplação, criatura se entregando ao Criador.

Não lutemos contra nossa natureza, antes, suspiremos pela presença de Deus em nossa vida, em cada dia, em cada minuto.

Eis meu coração Senhor, todo teu, inteiramente.

Amém.