segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Esvazie-se de si mesmo.

Parece estranho esse título. Será que a grafia está correta? Será que já não ouvimos tal frase em outro contexto?

O Cristo nos trouxe um convite parecido “Renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8, 34). E o verbo esvaziar todos conhecemos, basta procurar um dicionário e até outras conotações encontraremos.

Ok. O significado virá nos próximos parágrafos. Chocante, duro, forte.

Há um grande número de pessoas que não sabem ouvir; dispersas, às vezes falam mais do que aquele que fala, às vezes falam mais no seu interior, o certo é que não escutam, não percebem o apelo de quem fala, a sintonia não se concretiza.

Por quais razões? De repente, estão atentas somente ao que lhes interessa; em outras situações, atentas estão pra não perderem o comentário daquilo que lhes aprouver. Nada ou quase nada acrescentam ao diálogo.

Abro aspas. O diálogo a que me refiro é outro, não é um falando aqui e outro falando acolá. Diálogo remete a troca de ideias, sentimentos e experiências, eis o verdadeiro diálogo.

Fala que eu te escuto! Nada disso, silencie que EU falo. Mas sobre tal afirmação cabe discorrer em outro tópico.

Vida atribulada, o TER é mais que o SER, o que o outro sente, pensa e sonha não é problema meu, as relações são superficiais, sentimentos maquiados, eu represento aqui e você aí. E a vida continua.

Mas Jesus nos ensinou o que é ouvir (e dialogar). Ouve-se quando silenciamos por dentro e, portanto, quando nos esvaziamos de nós mesmos, deixando que o outro seja o protagonista, reconhecendo a importância do irmão que fala, que chora, que suplica.

É ouvir palavras não ditas, ouvir com o coração. Mas aquele que fala também tem sua parcela de responsabilidade, ou seja, se quer ser ouvido, deverá necessariamente abrir seu coração, falar sem medos e preconceitos.

Jesus se fez ouvir quando abriu seu coração, quando na agonia do horto das oliveiras chamou uns poucos amigos e a eles confidenciou sua angústia, sua dor, seu medo (Mc 14, 32-42).

Não receou ser taxado de fraco, ser incompreendido ou repreendido até, simplesmente falou. É certo que não houve diálogo, os discípulos dormiam, mas Ele deixou seu coração falar.

Na família, será que somos bons ouvintes? No casamento, ouvimos o que nosso cônjuge diz? Filhos e pais, pais e filhos, sabemos o que é ouvir?

Fica a reflexão.

Salve Maria.
Amém.

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